[Entrevista] Thalia abre o coração e compartilha sua dor

Não é segredo que Thalia tem provado o mel do amor e do sucesso da mesma maneira em que tem vivido momentos de grande dor. A estrela mexicana cresceu sob a luz dos holofotes e a imprensa se encarregou de documentar tudo e mais sobre sua vida.

O que o público talvez não saiba é o que passava na mente de Thalia aos 6 anos, quando a morte de seu pai lhe causou um choque tão grande que a menina parou de falar por um ano. Ou como ela tratou os sentimentos de culpa após o seqüestro de suas irmãs, em 2002 e como seu atual marido Tommy Mottola conquistou seu coração.

Em seu novo livro "Cada día más fuerte" (à venda esta semana e disponível em 01 de novembro em Inglês como "Growing Stronger"), a cantora e atriz revela suas lutas mais pessoais ao mesmo tempo em que reflete sobre o que considera suas mais grandes bênçãos: Mottola e seus filhos Sabrina e Matthew.

"É um livro muito íntimo, onde me exponho a mil, onde não há uma máscara, onde não há um canto que ficou guardado." disse Thalia na quarta-feira em uma entrevista exclusiva com "The Associated Press".

Com seus longos cabelos soltos, maquiagem minimalista, e sem nenhum tipo de acessórios, a estrela falou com entusiasmo sobre este e outros capítulos de sua vida, intercalando risos e lágrimas ao recordar de sua mãe, Yolanda Miranda, que faleceu em maio apenas um mês antes do nascimento de seu filho.

"Minha vida tem sido maravilhosa", resume Thalia. "Cada momento me fez uma pessoa mais forte, uma pessoa gladiadora".

Confira trechos da entrevista.

The Associated Press: O que te levou a escrever este livro neste momento de sua vida?

Thalia: É um momento no qual me sinto muito segura de quem sou, muito tranqüila, feliz com as coisas que fiz durante minha vida, tanto pessoal como profissional, e pensei que era um momento importante para compartilhar minha história, minhas experiências tanto boas como ruins, com todo o meu público ... e tratar que de alguma forma minhas experiências possam apoiar a vida de outros.

AP: Aborda temas muito felizes, como seus sucessos, seu casamento, seus filhos. Mas também aborda temas muito dolorosos... Foi difícil para você fazer esta viagem ao passado?

Thalia: Me expus e fiquei vulnerável... Foi muito difícil escrever minha vida no papel, foi um processo muito íntimo, muito psicológico, mas ao mesmo tempo foi libertador. Foi como limpar o "closet", como limpar a casa, como quebrar paredes, abrir novos espaços, e foi muito refrescante para minha vida.

Este livro me deu a oportunidade de realmente resgatar-me como mulher, como ser humano, como criança, como artista e me ajudou a me reestruturar mental, psicológica, física, espiritualmente e ficar brilhante, ficar limpa, estar pronta para uma nova aventura na minha vida.

AP: Quais foram os temas difíceis de abordar?

Thalia: Acho que minha vida em geral, como a de qualquer outro ser humano, tem altos e baixos, tem momentos de muita luz, momentos de muita escuridão. No meu caso eu sinto que foram extremos os dois momentos: muito altos ou muito baixos. E pensei que era uma oportunidade para mim como ser humano de crescer, de aprender, ao compartilhar estas histórias e também de que outra pessoa possa dizer: "Há oportunidade para se sentir bem, apesar de uma tragédia, existe a chance de converter ou reverter, a tristeza, a dor, a solidão, o abandono, a morte, em uma experiência positiva de aprendizagem, de crescimento espiritual".

AP: Você estava grávida quando escreveu este livro. As mudanças hormonais te ajudaram de certa forma a se expressar com o coração?

Thalia: Sim, definitivamente ter ficado grávida durante o processo do livro foi um elemento de emoção, de me abrir de uma forma totalmente interna, muito maternal, muito aberta. Quando alguém está gestante se sente cheio de vida, você se sente cheio de alegria, cheio de fantasia, de histórias. E foi o momento específico no qual o destino colocou este livro em meu caminho.

AP: Segundo você escreveu, sua mãe chegou a ler o livro e inclusive a ajudou editá-lo, O que ela disse?

Thalia: O livro já estava terminado e minha mãe veio me visitar uma semana antes do que aconteceu. Dei-lhe o manuscrito. E disse, "Aqui está o livro, o que você acha sobre ele". E não o leu apenas uma só vez, ao terminar a última página voltou a ler novamente. E começamos a recordar as histórias, a lembrar as que haviam ficado de fora. Começamos a rir. E começamos a chorar. Foi um momento muito importante para mim, porque ela também teve a oportunidade, na semana antes de sua partida, de reviver toda sua vida, todos os momentos nos quais estivemos juntas, desde nossa casa, meu nascimento, meu pai, de minhas irmãs quando meninas, todo esse lugar mágico e maravilhoso; até nossa carreira, nossos momentos de triunfo e glória. Foi para ela também, essa visita ao seu passado, como fechar todo um ciclo, e eu fico tranqüila com isso.

AP: Sei que era muito apegada a ela, que se falavam todos os dias por telefone... O que você mais sente falta?

Thalia: Precisamente isso. Todos os dias é como querer ligar para um número e ninguém responder. Chegar a um lugar e dizer: "Vou enviar uma mensagem", e já não há a quem enviar uma mensagem. Já não há com quem compartilhar estas coisas tão íntimas. Sim, existe essa energia, porque eu acredito que ninguém nasce, ninguém morre, um ser é eterno, essa energia que se transforma, mesmo quando você deixa este mundo, este plano... Mas o fato de não estar aqui carnalmente, isso é o que dói: não poder ouvir essa voz, não poder abraçar a essa pessoa, sentir o perfume... Isso é o que estou trabalhando, não dia a dia nem hora a hora, mas minuto a minuto, estou tratando de cada día ser mais forte.

Fonte: AP Espectaculos 
Texto traduzido e adaptado por: Equipe Conexão Thalia
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